TEMA: PRESENÇA – Instrumentum Laboris – PARTE III -CAP. IV -Nº 128

Carissimo Papa Francisco, irmas e irmaos 

Reconhecendo: 

 A experiência da escuta que este processo sinodal desencadeou, de certo modo já é presente na atividade pastoral da Igreja. Nós pastores do povo de Deus há muito carregamos a inquietação destes clamores dos povos, da terra e das águas, que chegam aos nossos ouvidos. Guardamos tudo em nossos corações com angústias, mas também com esperanças. 

 O Documento Preparatório a este Sínodo recuperou a presença histórica da Igreja na Amazônia, sua contribuição e aprendizado. Também o Instrumentum Laboris reconhece a originalidade e criatividade desta presença (IL n. 30), não obstante as assumidas contradições. 

 Trouxemos em nossas bagagens para este Assembleia Sinodal os ecos de um reconhecimento e de uma súplica: O reconhecimento que quando a Igreja está presente os povos se sentem fortalecidos em suas lutas; a súplica de não abandoná-los, não ficar distantes. Não podemos retornar sem estes clamores assumidos de modo mais comprometido ainda que nos custe reconfigurar nossas estruturas eclesiais. 

Considerando que: 

 A presença também pode ser interpretada como categoria teológica a partir da ação de Deus que caminha com seu povo fazendo história com ele e mais ainda pelo mistério da Encarnação como opção definitiva de Deus de fazer-se presente. 

 A Liturgia é memorial e atualização desta presença. Na liturgia, principalmente na Eucaristia, os batizados experimentamos a amizade de Deus: “Senhor, vós que sempre quisestes ficar muito perto de nós, vivendo conosco no Cristo, falando conosco por ele” (Oração Eucarística V – Congresso Eucarístico de Manaus). Na atual conjuntura ministerial nosso povo tem ficado privado desta memória. 

 “As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo” (GS 01). Esta consciência da identidade e missão da Igreja retomada no Concílio Vaticano II orientou o agir encarnatório da Igreja na Amazônia nestes últimos 50 anos e nos convida a um novo “aggiornamento” de modo que sejam supridas as lacunas que nos impedem de estar com as comunidades, estar nas comunidades ou ainda, que as comunidades sejam plenamente eclesiais com o dom do Espírito, a memória do Filho pela Palavra e pelos Sacramentos, o exercício do amor do Pai atendidos por uma ministerialidade diversificada. 

Recomendamos: 

 E neste sentido acentuamos que a indicação apresentada no n. 128 do I.L. de passar de uma “pastoral de visita” para uma “pastoral de presença” tenha desdobramentos bem concretos a partir de alguns elementos já acentuados no mesmo Instrumentum Laboris, mas que devem ser articulados de modo mais orgânico: 

o No que diz respeito às extensões territoriais, estas poderiam ser significativamente reduzidas com uma maior presencia missionária da vida religiosa na panamazonia: “apoiar a inserção e a itinerancia dos consagrados e consagradas ao lado dos mais desfavorecidos e excluídos... e propor aos religiosos e às religiosas que deem sua disponibilidade para compartilhar a vida local com coração, cabeça e mãos...” como é citado no I.L 129 d.2 e d.3. 

o No tocante a ministerialidade, além de promover as vocações autóctones de homens e mulheres, se poderia atualizar a Carta Apostólica Motu Proprio Ministeria quaedam do papa São Paulo VI, como resposta às necessidades de atenção pastoral-sacramental, acrescentando os ministérios do catequista, da liderança ou pastoreio das comunidades... como nos lembraram os Bispos da Amazônia reunidos em Manaus em 1997. Destacar-se-ia aqui a atuação das mulheres, colunas na vida comunitária eclesial. 

 Por último gostaria reforçar a importância de uma ação pastoral conjunta, elaborada sinodalmente por todas as circunscrições da panamazonia, para enfrentar os problemas comuns eclesiais e sociais, como a exploração do território, a delinquência, o narcotráfico, o tráfico de pessoas, a prostituição, etc... e para viabilizar esta ação pastoral conjunta pedimos a criação de um fundo econômico como se diz no I.L. nº 129 f.1 e f.2. 

Obrigado!