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Experiência de um ano em Alto Solimões (BRASIL)

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Experiência de um ano em Alto Solimões (BRASIL)

Nós somos colaboradores de Deus. Vocês, o campo de Deus, o edifício de Deus (1 Cor 3,9).

Vivo nestes dias uma nova saída: depois de apenas um ano[1], deixei a diocese do Alto Solimões para voltar à delegação espanhola. O papa Francisco nos interpela: “Decidi convocar uma Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a região Panamazônica. O objetivo principal desta convocação é identificar novos caminhos para a evangelização daquela porção do Povo de Deus, especialmente dos indígenas, frequentemente esquecidos e sem perspectivas de um futuro sereno, também por causa da crise da Floresta Amazônica, pulmão de capital importância para nosso planeta”[2].

O povo amazonense se acostumou com a saída dos missionários depois de pouco tempo. Estou convencido de que o caminho xaveriano passa por uma presença consistente no Alto Solimões. Apresento uma breve partilha da minha missão lá à luz dos documentos capitulares:

Toda a Igreja hoje é chamada a uma profunda conversão missionária ad gentes; conversão que capacite a Igreja a sair do isolamento para se lançar decididamente ao encontro das pessoas até os últimos confins do mundo e para se deixar questionar pelas novas situações, pelos novos problemas e desafios (XVII CG 6).

Agora entendo melhor a frase do nosso confrade dom Adolfo Zon: “quando cheguei aqui, vi a necessidade que a diocese do Alto Solimões tem dos xaverianos. Mas agora vejo a necessidade ainda maior que os xaverianos têm da diocese do Alto Solimões”. Temos que nos deixar interpelar por novas situações, novos desafios e problemas...

Devemos admitir, na verdade, que não podemos nos acalentar numa situação de comodismo: a situação em que vivemos é desafiadora e muitas vezes o Magistério pontifício pede-nos de reavaliarmos nossas visões, nosso estilo de ser, nossa espiritualidade e nossos projetos.” (XVII CG 7). “O processo de renovação, reestruturação e reposicionamento não tem sido enfrentado com a devida urgência. Constata-se a ideia de que é possível sobreviver à crise antropológica e às transformações culturais e existenciais através de uma mudança superficial que no fundo não vai mudar nada. O Capítulo nos convida a uma audaciosa mudança de rumo” (XVII CG 12). Esta resistência em mudar parece revelar a necessidade de uma reformulação geral seja da nossa mentalidade seja das nossas atividades e estruturas com o intuito de nos reposicionarmos em linha com o caminho proposto pelo audacioso projeto (XVII CG 33). “O ‘primeiro anúncio’ tem para nós xaverianos a direção ‘ad gentes’, aos não cristãos e possui a opção pelos pobres e últimos. Estes interlocutores privilegiados definem o nosso comprometimento único e exclusivo, a nossa característica irrenunciável, todo o nosso ser a tal ponto que o nosso Fundador pedia aos seus missionários de não se deixar sufocar pelas atividades de serviços aos cristãos(XVII CG 38a).

Nunca imaginei que poderia encontrar um lugar de primeiro anúncio neste país. Será difícil encontrar outro lugar que nos ofereça todas essas possibilidades de conversão. A diocese do Alto Solimões tem onze povos indígenas conhecidos e outros tantos isolados. Existem comunidades que não recebem visita missionária já faz muitos anos. Situação pior ainda tem a outra beira do Vale do Javari, em território peruano. São mais de cem mil km2 sem acompanhamento eclesial.

O laicato xaveriano colabora com os Xaverianos seja na AMeV como no primeiro anúncio. Em comunhão com os Xaverianos do mesmo território geográfico vivem um caminho de partilha e de discernimento em vista da realização de projetos comuns, de um serviço concreto e eficaz dentro da Igreja, que juntos são chamados a servir(XVII CG 71).“ Que se estude e se leve em consideração a possibilidade de uma presença missionária com comunidades mistas (Leigos xaverianos e Xaverianos) nos lugares onde a cultura e contexto social o permitam(XVII CG 72f).

Os xaverianos leigos foram mais rápidos que nós religiosos em chegar na diocese de dom Adolfo, confiando que nós déssemos também um jeito. Eles enfrentam atualmente o desafio dos povos indígenas no mundo urbano com uma só presença... Isto não é bom.

Novas aberturas: “Diocese de Alto Solimões-Brasil: o pedido, feito de forma bem detalhada, chegou do nosso confrade Dom Adolfo Zon Pereira. Ao Capítulo parece bem acolhê-lo, convida as Regiões Xaverianas do Brasil a dar uma resposta a este convite, talvez após um discernimento e reposicionamento interno das pessoas e das presenças, sempre em diálogo com a Direção Geral” (XVII CG 96§3).

         A direção geral e o capítulo deixam claro que a responsabilidade da nova abertura no Solimões recai sobre as duas regiões do Brasil. Por favor, pensem com carinho na urgência da missão no Alto Solimões. Cada dia que passa é uma oportunidade perdida e o lastre da omissão. Repitamos com São Paulo: “quando sou fraco, então, é que sou forte” (2Cor 12,10).

Livres e fiéis em Cristo,

Miguel Taboada, missionário xaveriano em Múrcia (Espanha)

Madrid (ES), 29/10/2017


[1] Ano de ausência canônica pedido à DG durante meu serviço na delegação espanhola.

[2] http://www.pom.org.br/papa-anuncia-o-sinodo-para-a-pan-amazonia

Miguel Taboada sx
31 Ottobre 2017
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